Violência

VIOLÊNCIA 70% dos jovens assassinados são negros, diz estudo Segundo estatísticas de 2000, 16 crianças e adolescentes foram assassinados por dia, em média. Desses mortos, 14 tinham entre 15 e 18 anos. Desse total, 70% eram negros. Os negros só perdem para a população indígena na taxa de mortalidade infantil 16 Out 2006 - 02h40min Em cada grupo de dez jovens de 15 a 18 anos assassinados no Brasil, sete são negros. A raça também representa 70% na estimativa de 800 mil crianças brasileiras sem registro civil. Entre os indicadores negativos, os negros só perdem para a população indígena na taxa de mortalidade infantil. Os números, contidos no relatório "Estudo das Nações Unidas sobre a Violência contra Crianças", encomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU), mostram que o perfil das vítimas da violência vai muito além da faixa etária. "A violência não tem só idade. Tem cor, raça, território. As vítimas são os negros, os pobres, os moradores de favelas", afirmou a psicóloga Cenise Monte Vicente, coordenadora do Escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em São Paulo. A declaração foi feita na última quarta-feira, durante debate sobre a situação da violência contra crianças no Brasil e no mundo, promovido pela Folha de S.Paulo e pelo Unicef e com a mediação do jornalista Gilberto Dimenstein, colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo. Nesse dia, o relatório, feito pelo professor e pesquisador Paulo Sérgio Pinheiro, foi apresentado na Assembléia Geral das Nações Unidas. Pinheiro foi convidado como especialista independente pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. O documento cita relatórios de 132 governos e consultas a organizações não-governamentais. A realidade brasileira é descrita por dados como os do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/DataSus). Segundo estatísticas de 2000, 16 crianças e adolescentes foram assassinados por dia, em média. Desses mortos, 14 tinham entre 15 e 18 anos. Nessa faixa etária, 70% eram negros. Conforme Cenise, o alerta também vale para a situação da criança indígena no Brasil. O relatório cita que a média de óbitos entre crianças até um ano de idade é de 47 por mil nascidos vivos. A média nacional foi de 26 óbitos em 2004. As preocupações com os aspectos raciais e étnicos da violência estarão no plano de colaboração do Unicef com os países onde atua, elaborado a cada cinco anos. "Vamos fazer um corte (separação) racial e étnico e sensibilizar os gestores públicos e as ONGs para tornar esse padrão inaceitável", disse. (Folhapress) NÚMEROS 70% de estimadas 800 mil crianças brasileiras sem registro civil são de raça negra 16 crianças e adolescentes foram assassinadas por dia no Brasil, no ano 2000. Desse total, 14 tinham entre 15 e 18 anos 47 crianças indígenas de até um ano de idade, em cada mil, morreram em 2004 no Brasil. A média nacional de crianças (em geral) mortas no país no mesmo ano era de 26 óbitos em mil na faixa etária. Fonte: Relatório "Estudo das Nações Unidas sobre a Violência contra Crianças